Rua 25 de Abril - Salvaterra de Magos

Na sequência da construção de um edifício de habitação e comércio próximo do centro de Salvaterra de Magos foi chamada a intervir a empresa Neoépica, Lda. A razão da intervenção passou também pela proximidade ao local de algumas das dependências do antigo paço real de Salvaterra de Magos com origens em época medieval e moderna e destruído em pleno século XIX.
O trabalho consistiu no acompanhamento arqueológico da terraplenagem do terreno bem como na realização de duas sondagens de diagnóstico junto a dois alinhamentos entretanto já postos a descoberto. As estruturas entretanto descobertas foram alvo de levantamento.
O enchimento das sondagens bem como das valas de implantação das estruturas detectadas apresentava material variado desde cerâmica comum a faianças policromas e a azul sobre branco, azulejos, material osteológico entre outros enquadráveis entre finais do século XVII e o século XIX senão mais recentes.
Os trabalhos de escavação já tinham sido iniciados aquando da chegada ao local dos técnicos da Neoépica, Lda. Durante a realização desses trabalhos foram detectadas várias estruturas em alvenaria. Foi ainda possível contudo definir duas zonas para a realização de sondagens de diagnóstico junto às estruturas detectadas, possibilitando assim uma melhor percepção da sua cronologia.
Foram então abertas duas sondagens de diagnóstico por meios manuais com dimensões variáveis inserindo-se no espaço ainda disponível. Ao mesmo tempo que foram realizadas estas sondagens foi realizado o acompanhamento da escavação da restante área afectada pela construção.
No seguimento deste acompanhamento foram detectadas mais estruturas também realizadas em alvenaria. Foi possível perceber qual o seu método construtivo assim como a análise evolutiva do conjunto das estruturas. De notar que devido ao facto do substrato geológico desta zona ser composto sobretudo por areias as estruturas em alvenaria apresentarem uma robustez elevada apresentado espessuras consideráveis e a aplicação de cal hidráulica.Durante a execução das sondagens foi possível detectar as valas de diagnóstico das estruturas anexas. Tendo em conta o material detectado estamos então perante estruturas posteriores à destruição do acima citado paço real tendo decerto aproveitado para esta construção, muita da matéria-prima resultante desse mesmo acontecimento. Nesta terão funcionado os armazéns do celeiro agrícola bem como uma taberna e parte do quartel dos bombeiros.

Alto do Cidreira - Cascais

Rua Azeredo Perdigão - Peniche

Os trabalhos arqueológicos neste terreno sito na freguesia da Ajuda em Peniche iniciaram-se com o acompanhamento arqueológico dos trabalhos de terraplenagem por parte do Dr. Rui Venâncio, arqueólogo da Câmara Municipal de Peniche. Estes trabalhos de minimização de impactes surgiram devido ao potencial arqueológico do sítio derivado à proximidade da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda e do sítio dos Fornos Romanos do Morraçal da Ajuda.
Foram realizadas 5 valas de diagnóstico distribuídas ao longo da parte este do terreno ainda não terraplenado. Essas valas foram abertas por meios mecânicos. Com o aparecimento de vestígios arqueológicos foi decidido aumentar a área de intervenção. Em primeiro lugar esta zona do terreno foi decapada (mais uma vez por meios mecânicos e após o registo dos cortes das valas) até à cota de aparecimento dos vestígios arqueológicos e em seguida iniciou-se a escavação em área por meios manuais de toda a zona de dispersão desses mesmos materiais. Estes últimos trabalhos ainda não foram concluídos.
No decorrer da escavação tem sido exumado uma grande quantidade de artefactos e ecofactos, nomeadamente ânforas (e respectivas tampas), cerâmica comum (almofarizes, potes entre outros), terra sigillata, cavilhas e pregos de várias dimensões em bronze, para além de variado material osteológico e malacológico. Têm particular interesse placas de pequenas dimensões em chumbo com inscrições em numeração romana e caracteres latinos que presumimos serem etiquetas de ânforas com informação do produto transportado e proveniência. Todo o material romano é enquadrável, após uma análise preliminar, entre os finais do século I a.C. e o século I d. C.
Através das valas de diagnóstico realizadas foi possível ter uma leitura da estratigrafia do local: Sob uma camada superficial composta por vestígios de estruturas e pisos relacionados com a fábrica e posteriores armazéns e oficina existentes neste local foram detectadas duas camadas com material arqueológico: Uma primeira castanha clara com materiais romanos misturados com materiais sobretudo de época moderna e, sob essa uma camada castanha escura apenas com materiais romanos aparentemente selados.
Foi possível definir várias bolsas de material romano e uma concentração de maiores dimensões de cerâmica que levou ao aumento da área intervencionada.
Os trabalhos de definição dessa mancha detectada em uma das valas levaram à definição de uma área ainda a escavar de cerca de 600 m2. Estamos neste momento perante um edifício composto de vários estruturas nas quais se inclui um corredor e o que parecem compartimentos. As estruturas exumadas foram realizadas em pedra calcária e também pedra exógena como granito e gneiss possivelmente para aqui trazida por barcos que as utilizaram como lastro.
Associada a estas estruturas surge uma mancha extensa de materiais arqueológicos, com espessura entre os poucos cm e cerca de um metro. Ainda nos escapa a função do edifício entretanto exumado. Esta estaria decerto relacionada com a actividade portuária, ou como armazém, ou servindo de apoio aos fornos romanos detectados nas proximidades ou noutra função transformadora relacionada por exemplo com a salga de peixe. Só o avançar dos trabalhos nos poderá trazer uma resposta.

Cidadela de Cascais - Cascais


No âmbito da construção do futuro Parque de Estacionamento da Cidadela, procedeu-se à abertura de sondagens de diagnóstico por intermédio de processos mecânicos; levantamento fotográfico e gráfico do troço de “Muralha de Contra-Escarpa” ainda existente; e acompanhamento arqueológico de todos os trabalhos de remoção e movimentação de terras.
Na sequência dos trabalhos arqueológicos levados a cabo no antigo fosso Oeste da Cidadela de Cascais e área envolvente a esta, foi possível constatar que o muro em alvenaria de pedra calcária unida com argamassa de cal, que se encontrava a suster as terras do passeio, era na realidade parte da Muralha de Contra-Escarpa que rodeava a Cidadela, impedindo desse modo o acesso ao fosso. Ao longo da intervenção foi possível registar cerca de 90 metros de muralha, com alturas variáveis entre 1m e 3,70m. Nessa estrutura encontravam-se, à data de início dos trabalhos, e numa extensão de cerca de 63m, diversas namoradeiras e floreiras revestidas a azulejos pintados a azul, amarelo e branco, representando motivos florais (datados dos anos 20/30 do século XX), cuja construção terá destruído o topo da muralha.A abertura de uma vala de diagnóstico no extremo Norte dos vestígios de muralha ainda preservados, permitiu detectar e confirmar a continuação desta, bem como um segundo paramento, paralelo ao já identificado e distando dele cerca de 70cm, de menor espessura embora com características construtivas semelhantes. Ambos os muros se encontravam apenas ao nível dos alicerces, mas ainda se conservavam pequenos muretes que os uniam perpendicularmente, bem como o enchimento entre os dois, de terra e pedras. Verificou-se deste modo que a Muralha de Contra-Escarpa seria constituída pelo conjunto dos dois paramentos, perfazendo uma largura total de 2,10m. A utilização desta técnica conferia à muralha uma maior resistência aos impactos provocados pelos projécteis, funcionando a terra existente entre as duas estruturas como elemento absorvente da energia dos impactos.

Rua dos Bacalhoeiros - Lisboa

Na sequência das obras de remodelação do prédio que prevêem a picagem integral de todas as paredes e aplicação de novos rebocos e revestimentos, foram abertas sondagens parietais com o objectivo de identificar métodos construtivos utilizados; tipos de aparelho; sucessão de rebocos e revestimentos; alterações efectuadas à estrutura do edifício; e ainda possíveis vestígios da Muralha Fernandina ou Cerca Moura.
Através da análise proporcionada quer pelas sondagens efectuadas quer pela observação das áreas já integralmente picadas, foi possível reunir algumas considerações acerca da estrutura do edifício, sua cronologia e alterações sofridas. Verifica-se que o prédio segue um método de construção simples, utilizando preferencialmente a madeira como material. As paredes mestras, quer das fachadas como as que comunicam com os edifícios de ambos os lados, são constituídas por alvenaria de pedra calcária, de pequenas e médias dimensões e formato irregular, que inclui fragmentos de tijoleira em grande quantidade, unido por argamassa de tom alaranjado e consistência compacta, revestida no interior por uma argamassa de tom mais rosado, por sua vez revestida por reboco fino de argamassa de tom branco e, em alguns casos, por estuque com pintura simples. Nas paredes centrais, aquelas que fazem a comunicação dos apartamentos com a escada, foi utilizada a estrutura de gaiola pombalina, em vigas de madeira com travamento em cruz de Santo André, preenchidas depois por um aparelho maioritariamente de tijoleira e argamassa compacta de tom alaranjado. Também estas seriam revestidas por argamassa de tom rosado e reboco fino. Já as paredes que formam as divisões dentro dos apartamentos, bem como as meeiras da escada, são constituídas por tabique, composto por grandes tábuas de madeira dispostas verticalmente e unidas por pequenas ripas de madeira horizontais em ambos os lados, fixadas a elas através de taxas de metal. Este tipo de parede seria revestido por uma camada espessa de argamassa e esta por um reboco fino. Em termos de composição dos apartamentos e organização de espaços interiores, nota-se desde logo a grande quantidade de portas (comparativamente às casas actuais), fazendo a ligação de todas as salas entre si e suprimindo assim a necessidade de um corredor. Desta forma, excepção feita para as paredes mestras que comunicam com os edifícios existentes de ambos os lados e para a parede de comunicação com a escada, todas as paredes (mestras ou interiores) possuem pelo menos uma abertura, quer seja em forma de janela ou porta. As funções de cada compartimento são ainda nesta época pouco diferenciadas, havendo no entanto uma chaminé em cada casa. A casa de banho terá sido construída posteriormente, aproveitando na maioria dos casos parte do espaço da cozinha.
O tipo de aparelho utilizado aponta para uma época de construção (ou reconstrução) no pós-terramoto, aquando da implementação do plano pombalino na baixa da cidade, muito embora o primeiro registo do prédio surja apenas em 1840.
Não se verificaram alterações significativas ao projecto inicial, à excepção de um possível acrescento ao andar superior, ainda não confirmado. Para além das necessárias remodelações ao nível de rebocos e pintura, surgem apenas algumas alterações no que concerne aos vãos de janela (encurtados com paredes de cimento e tijolo) e a algumas paredes divisórias (que parecem ter sido construídas recentemente). Verificou-se ainda a influência de algumas modificações sociais, que se traduziram em emparedamentos de algumas portas; construção de casas de banho, aproveitando parte das cozinhas; e instalações de água e electricidade que não existiriam.

Tires - Cascais

Na sequência do pedido para loteamento de terreno em Tires (Processo de loteamento nº 6675/05), e dado o facto do terreno em questão se encontrar na área de influência do sítio arqueológico de Tires, foi solicitado pela Câmara Municipal de Cascais a abertura de valas de diagnóstico por processos mecânicas de modo a avaliar o potencial arqueológico do local. No decorrer dos trabalhos arqueológicos foi possível identificar uma antiga pedreira de extracção de calcário, que terá laborado no local em inícios do século XX, sendo posteriormente abandonada e entulhada com os restos dos desperdícios de pedra resultantes da actividade extractiva. Sobre estes foi depositada terra arável com o intuito de permitir a prática agrícola onde surgem materiais descontextualizados de cronologia calcolítica e romana.

Quinta da Rocha (Ria de Alvor)- Portimão

Execução de um parecer a respeito da necessiade de realização de uma avaliação dos vestígios arqueológicos eventualmente existentes na área das salinas e do apuramento do seu nível de afectação.

Instituto Hidográfico de Lisboa


A área intervencionada situa-se no complexo do Instituto Hidrográfico de Lisboa, mais concretamente numa vertente com inclinação este-oeste, a oeste do edifício principal, espaço onde se situaria o antigo logradouro do convento, actualmente ocupado por edifícios pré-fabricados. A abertura de sondagens arqueológicas levou ao registo de vários enchimentos, onde foi possível encontrar material arqueológico de cronologias que vão dos séculos XVII ao XX, demonstrando o revolvimento destas camadas. Assim, recolheram-se cerca de meio milhar de fragmentos cerâmicos, bem como material malacológico, osteológico, metal e vidro. O espólio cerâmico encontrava-se muito fragmentado, com cronologias que vão do século XVII ao XX. Entre estes podemos encontrar a habitual louça de cozinha em cerâmica comum vidrada e não vidrada, faiança portuguesa do século XVII e porcelana.

Intervenção Rua das Escolas Gerais - Lisboa

Ocupando um dos núcleos antigos da cidade de Lisboa, procederam-se a trabalhos de acompanhamento e escavação arqueológica. No decorrer dos trabalhos foi possível exumar do interior de várias fossas e um silo abundante material arqueológico, sobretudo cerâmica comum não vidrada, como: panelas, tachos, frigideiras, testos, púcaros, pratos cónicos, entre outros recipientes datáveis dos séculos XVI/XVII. Surge igualmente material osteológico, malacológico, pregos, moedas, alfinetes em cobre, porcelana e louça malegueira, surgindo estas últimas em número reduzido. O silo permitiu a recolha essencialmente de cerâmica comum, alguns dos fragmentos apresentam bandas pintadas a branco e negro, atribuídas ao período Medieval/Islâmico.